5 de maio de 2015

Resenha: A Mais Pura Verdade, de Dan Gemeinhart

Título: A Mais Pura Verdade
Título Original: The Honest Truth
Autor: Dan Gemeinhart
Editora: Novo Conceito
Páginas: 224

Sinopse:
Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha.
Mas, em certo sentido um sentido muito importante, Mark não tem nada a ver com as outras crianças.
Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram.
Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier. Nem que seja a última coisa que ele faça.
A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.

Veja bem.

Tenho muito para falar sobre este livro. E muitas das coisas não são positivas, e talvez não seja o que você esperaria ler. É a mais pura verdade. Também não vou me poupar de comentar sobre a história.


Mark é um garoto de 12 anos, que tem um cachorro muito amável, uma melhor amiga e confidente chamada Jessie, que é sua vizinha, sempre próxima, e pais incríveis e amorosos.

Contudo, o livro existe pois Mark está com câncer pela segunda vez, e não aceita sua condição. Não sabemos detalhes sobre qual tipo é, apenas que as chances de cura dependeriam de um milagre. Esse mar de sofrimentos atormenta o garoto, que decide por encerrar sua história subindo uma montanha junto de seu cãozinho.

É isso. Tudo lindo, adorável e triste.


Infelizmente identifiquei tarde que não faço mais parte do público alvo deste livro, o infanto-juvenil, então, me desculpe, desde já, pelos comentários tecidos a partir de agora sobre o que eu, particularmente, achei de A Mais Pura Verdade

Recomendo que continue se já tiver lido, ou se não se importar com spoilers.

Assim, começo informando que o livro não precisaria existir se Mark tivesse um pouco mais de consciência e fosse menos egoísta.

O sentimento que mais predominou durante toda a leitura foi de irritação para com o personagem. Não é porque ele está com câncer pela segunda vez que tem o direito de querer subir uma montanha para morrer, durante a maior nevasca dos últimos tempos, levando o pobre Beau, seu cãozinho, que não tinha nada a ver com o problema dele, apenas para ter companhia, fazendo-o sofrer por fome, sede, cansaço e frio.

Muito menos tinha o direito de fazer seus pais sofrerem tanto com o sumiço repentino, depois de tanto já terem lutado contra a doença junto dele, na primeira vez, e fariam tudo de novo. Pais tão amorosos e preocupados. E com Jessie, que descobriu a loucura que seu melhor amigo faria apenas depois dele ter fugido.

Mark parece ser um jovenzinho com pensamentos além da sua idade, mas será que alguém nas mesmas condições (e idade) faria uma loucura dessas, a fim de dar um basta na própria vida?

Acabei de sair de dois livros cujas tramas giram em torno de suicídio: estou falando de A Playlist de Hayden, em que o melhor amigo do personagem principal é encontrado morto após diversos conflitos pessoais e rejeições; e Por Lugares Incríveis (resenha em breve), em que dois jovens se encontram na torre da escola quando tentavam se matar.

Em ambos os livros, os jovens tinham por volta de 17 anos, com muito mais maturidade, vivência e consciência de seus atos que uma criança de 12, e, principalmente no segundo (Por Lugares Incríveis), o assunto e as motivações dos personagens são abordados de formas muito verossímeis e concretas, dando peso real para essa decisão tão difícil que alguém pode tomar, de dar fim na própria vida. Diferente do que Mark faz em A Mais Pura Verdade, motivado pela irritação por estar doente novamente; por não ter mais disposição mental e física para refazer todo o tratamento. 

Não sei, tenho minhas dúvidas se uma criança da idade dele teria todo este "sangue frio". Se ele fosse mais velho, eu aceitaria melhor a decisão que deu origem ao livro.

Mas o pior foi no final, quando Beau quase morre por puro egoísmo de Mark, que claramente não deveria ter levado o pobre cachorro para a montanha, no meio de uma nevasca, já tendo passado por vários apuros e uma tempestade; e, então, Mark finalmente, quando está quase morrendo de frio, cansaço e dor, começa a se arrepender da burrada que fez... Imagine, caro leitor, o quanto xinguei-o por isso, pois essa jornada sequer deveria ter começado!

Sei que meus comentários são contrários aos de muitas pessoas, mas vêem como tudo soa como uma sucessão de erros? Não que não possa vir a acontecer, que uma criança tenha todo esse drama particular e escolha, por si próprio, viajar sem um acompanhante, por vários quilômetros, com seu cãozinho, com o propósito de subir uma montanha, em condições climáticas péssimas, para morrer... Enfim, tire suas conclusões.


"Ah, mas é só uma história, Rafael. Deixa de ser chato!"
É, é uma história infanto-juvenil, e não quero desmerecer o trabalho e a dedicação do autor, que é professor e bibliotecário de uma escola primária (por isso da inspiração para o livro, creio eu), mas tem que ter um pouco de nexo, concorda?

De forma geral, acredito que a história vai agradar muitos leitores, ainda assim, em especial os jovens. A mensagem passada é positiva, a leitura é bem rápida, coisa de um ou dois dias, e a narrativa é boa (apesar de seletas ressalvas, que acredito serem problemas de tradução, como o uso do termo "demovê-la" em um ponto, sendo que a narrativa é contada por uma criança).

A edição da Editora Novo Conceito está bem caprichada, com cores vibrantes, capa chamativa, fontes grandes e confortáveis.

Se tiverem lido, ou quiserem lê-lo, comentem suas opiniões!


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A Mais Pura Verdade pode ser encontrado em:

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Rafael

Sobre o autor

Rafael Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, viciado em Internet, e adora esse mundo literário. Prefere os livros contemporâneos, mas, de vez em quando, precisa de algumas doses de fantasia.
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