13 de abril de 2012

Filme: Inquietos




Antes de mais nada, gostaria de agradecer pelo espaço para as minhas resenhas dentro do Lembra Daquela História?, que começou ano passado e termina agora, com a trigésima postagem.


Gostaria de agradecer também aos leitores, que acompanharam os meus textos, comentaram, opinaram e até discutiram sobre os filmes. Vocês foram importantes para a movimentação de novas resenhas e novas postagens.


Me despeço do blog contente pela divulgação que as minhas visões sobre a sétima arte tiveram e pelas críticas construtivas e comentários positivos que recebi.


Um abraço e muito obrigado,
Ewerton.


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A sensibilidade da morte


É interessante assistir ao mais recente filme de Gus Van Sant e deparar-se com uma sensibilidade exarcebada com questões um tanto quanto delicadas. Não que isso seja algo açucarado demais, nem piegas. A atual obra do diretor trabalha com o tema “morte” de forma despretensiosa, leve, inocente até. Talvez essa seja a chave principal para o êxito de Inquietos (2011).

O risco de filmar um roteiro que trate de doenças terminais é cair facilmente no senso comum e produzir mais um filme sem sal e que não mudou em nada a leva de películas melodramáticas. No entanto, Gus Van Sant está sob esse terreno há tempos — com Elefante (2003) e Paranoid Park (2007), por exemplo, permeando tragédias particulares e as relações e consequências que são geradas a partir dessas tragédias — e o olhar que emprega em Inquietos através de suas lentes é algo diferenciado e que o público aceita sem problemas.


Há dois pontos importantes que, ao conferir o filme, o espectador provavelmente irá notar: as boas atuações de Mia Wasikowska e Henry Hooper (apesar deste escorregar levemente quando o roteiro exige cenas mais dramáticas e intensas, como a discussão com a tia ou com Hiroshi) e a fotografia tranquila, quieta e clara, registrando os tons pastéis das ruas outonais americanas ou das próprias vestes, até antiquadas, mas muito bem utilizadas, dos protagonistas. Esses dois elementos formam uma base consistente para o filme de Sant, além, claro, do bom roteiro de Jason Lew.

A diferença principal, por fim, é o tratamento que a própria morte recebe na história: ironizada e até levemente ridicularizada pelos protagonistas (a cena do necrotério é leve e descontraída), eufemizada e metaforizada por Gus Van Sant (dificilmente os caixões aparecem nas cenas dos funerais e não há pessoas chorando derradeiramente). Porém, quando ela chega, os personagens percebem seu poder irreversível e sentem, de uma vez, que não possuem o controle sobre ela, então a aceitam de bom grado, sem delongas.

Restless, Gus Van Sant, 2011.

Inquietos. Roteiro de: Jason Lew. Com: Henry Hooper, Mia Wasikowska, Ryo Kase, Lusia Strus, Jane Adams.


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Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

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