Nos Estados Unidos, esse gênero – ou categoria, como muitos autores preferem – já está incorporado às livrarias, editoras e na mente dos leitores. Aqui, já existe um movimento de mudança, mas ele ainda é encaixado dentro da literatura Infanto-Juvenil.
O que é uma besteira. Costumava-se categorizar esses livros como uma ponte entre os gráficos livros infantis e a literatura adulta. Isso por que as pessoas acreditam que os adolescentes não teriam maturidade intelectual de absorver alguns conceitos. O que a literatura YA está provando, é que precisamos dar mais créditos a eles. Afinal, é fácil esquecermos que a maioria das leituras de Gatsby, Machadão e Clarice está sendo feita, nesse momento, por adolescentes na escola. E, se mesma à força, eles conseguem absorver em algum nível a moral dessas histórias, eles com certeza aguentam bem mais do que a generalização imagina.
“Em algum nível” é o termo-chave. Na minha opinião é o que explica o sucesso de Harry Potter e de todo esse gênero. Esses livros permitem entendimentos diferentes dependendo do nível de maturidade da pessoa.
No sexto Harry, em uma das sessões com o Dumbledore em que Harry está fissurado na questão da profecia, Dumbledore tenta mostrar para que a profecia não importa, ela só tem tanto poder quanto Harry dá a ela. E Harry finalmente entende a diferença entre entrar na arena para morrer e entrar de cabeça erguida para lutar. Katniss (e Peeta muito antes dela), entendem muito bem essa diferença. E esse é um exemplo perfeito de como o nível de maturidade não importa muito nessa leitura. Porque enquanto para uma pessoa mais velha (ou somente mais vivida) esse entendimento do personagem é uma cena emocionante, de crescimento que ele está vendo. Para um leitor mais jovem é uma lição que ele aprende. Emocionalmente, ele pode até não entender o que está por trás, mas o livro mostra a importância desse ato e, com o livro, ele aprende – não só vê crescer como cresce junto. Níveis de maturidade diferentes entendem de forma diferente, sentem de forma diferente. Mas todos aprendem. Todos sentem algo. E essa é a verdadeira beleza dessa literatura: a oportunidade de colocar pais e filhos, irmãos, amigos, todos crescendo e discutindo os mesmos temas a partir da mesma mídia: o livro.
Na verdade, não tem problema se começa a ler com Twilight ou Diários de Carrie se daqui a pouco a pessoa está lendo Harry Potter, Hunger Games ou Percy Jackson. Na verdade mesmo, nem importa se ela nunca saia disso. Mas, com essa porta aberta, o que impede Dickens, Austen, Machadão e Shakespeare de entrarem?
Dizem que Young Adult é até 29 anos. Bom, eu tenho 29 anos e pretendo continuar lendo YA para o resto da minha vida. Porque o dia em que adolescentes corajosos, honestos, sinceros, sensíveis e amorosos não me ensinarem nada de novo, e não me emocionarem com sua gana de viver e agarrar os sonhos pelo pescoço para os tornar realidade é um dia que eu não quero mais estar nesse mundo.
Young Adult Forever.
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Sobre o autor
Joana Aquariana, carioca. Devoradora de livros, viciada em séries e sol. Leio na praia, no ônibus, no carro, no computador, no sofá, na cama, no banheiro, andando, correndo e, às vezes, até tomando banho.
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