9 de março de 2012

Filme: A Viagem de Chihiro


A viagem em aquarelas


Os primeiros minutos de A Viagem de Chihiro (2001) são o suficiente para qualquer pessoa se apaixonar por cada detalhe minuciosamente criado e que compõe essa magnífica obra do japonês Hayao Miyazaki. As cores, as texturas e as sombras empregadas em cada quadro da animação realçam aos olhos e espantam pela grande qualidade.

A cultura oriental, principalmente a nipônica, é rica em muitos aspectos e, o principal, diferente de tudo o que estamos acostumados no lado de cá do globo. Suas crenças, seus modos e até a língua diferenciam-se em um grau elevado, fascinando uns e assustando outros.

O filme em questão é um exemplo disso: é, de longe, não produzido para o público infantil. A mimada Chihiro do título pode representar fielmente uma criança teimosa, egocêntrica e birrenta, mas com o desenvolvimento da trama, passamos a enxergar como qualquer outra pequena criatura que se encontra perdida no mundo humano. Os pais, que logo de cara são retratados como alegorias do descuido, curiosidade exarcebada e, claro, posterior arrependimento, entregam as responsabilidades para a filha, que precisa ajudá-los e, no meio do caminho, ajudar o amigo que conhece ao iniciar sua jornada.


Para os adoradores dos detalhes mínimos e apaixonantes da produtora americana Pixar (muito competente, diga-se de passagem), a animação conduzida pelo mestre Miyazaki é um show particular para a visão: a fotografia clara, as posições em que as personagens são sucessivamente fotografadas destacam flores, folhas, águas, pedras, texturas e mais texturas, desde os traços dos próprios personagens até os reflexos e sombras determinados para ambientar os espaços criados.

Mas como imagem bonita é apenas a estrutura, a casca, o roteiro escrito por Hayao Miyazaki a recheia por completo, embasando o filme e o colocando acima de muitas animações produzidas apenas para encantar o público através de seus aspectos visuais.

É, portanto, uma animação que desperta inúmeras sensações: sentimos raiva de Chihiro por suas constantes teimosias e escolhas erradas, tememos por sua vida quando personagens realmente assustadores dão as caras, nos emocionamos ao perceber sua verdadeira amizade com aqueles que passam a acompanhar sua busca por soluções, tanto do seu lado, quanto de quem entrou em seu caminho para poder ajudá-la.

千と千尋の神隠し / Sen to Chihiro no Kamikakushi, Hayao Miyazaki, 2001.

A Viagem de Chihiro. Roteiro de: Hayao Miyazaki. Com: Rumi Hîragi, Miyu Irino, Mari Natsuki.


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Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

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